sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Tribuna do Norte repercute participação de padre caicoense no ala ursa do poço de sant'ana

O padre Gleiber Dantas esteve à frente da orquestra de frevo do Ala Ursa do Poço de Sant’Ana como cantor durante o carnaval. Sua atitude causou repercussão pelo fato de ser sacerdote e ter declarado que o Bloco do Magão, do qual fez parte, ter se tornado “uma passeata de Deus em virtude da paz e da tranquilidade”.
O bispo diocesano dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, que não esteve em Caicó durante o período carnavalesco, disse que tomou conhecimento do episódio, mas não encarou a participação do padre numa orquestra de frevo como uma afronta aos princípios da Igreja Católica.
“Eu não estava no carnaval, não presenciei, mas sei que ele foi, participou de um carnaval mais tradicional, essas marchinhas mais antigas, bonitas, faz parte da nossa cultura e o padre Gleiber tem seu modo de ver, sua identidade, sua autenticidade, ele canta, ele gosta, ele faz isso com muita dedicação, não recebi nenhum comentário negativo sobre a participação dele”.
Dom Manoel Delson argumentou que quando foi padre trabalhou numa emissora de rádio em Feira de Santana (BA) e participou de transmissões carnavalescas.
“A rádio ia transmitir o carnaval, eu ia junto com a rádio transmitir o carnaval, ficava no palanque da emissora, na micareta de Feira de Santana, muito famosa e não via nada demais, o modo que a gente se coloca em qualquer lugar é que é importante”.
Ressaltou que o carnaval é originário de carne. “Como durante a Quaresma é um tempo de penitência, de abstinência de carne, os dias que antecedem a Quaresma as pessoas aproveitavam para desafogar, curtir, fazer tudo o que tinha direito para depois iniciar o período quaresmal. Mas depois foi sendo assimilado pela cultura ocidental antes da Quaresma com esse sentido e que pegou e foi crescendo”.
Dom Delson ressalta que os cristãos não devem ter esse entendimento. “Não se deve pensar em fazer tudo que tem direito antes do período de penitência, isso não combina bem. Agora, a alegria, a brincadeira sadia, isso faz parte do ser humano. E eu creio que pode muito bem ser uma coisa digna, uma coisa justa, uma coisa de família que não faz mal a ninguém e combinar com a alegria que é própria do ser humano e do cristão também. A pessoa tem que ser alegre identificada com o bem”.
O que a Igreja Católica chama a atenção, segundo o bispo, são os excessos que podem ocorrer dentro do carnaval. “Essa massa humana brincando, se divertindo, tirando os limites. Então aquilo que vai ofender a dignidade da pessoa humana, o excesso da bebida, a utilização de drogas, a exploração sexual, isso a Igreja não pode de forma alguma concordar. Mas a família que vai para o carnaval, os pais, os filhos, que vão brincar, os amigos de uma maneira sadia, isso não é de maneira nenhuma ofensivo. Então temos que separar aqueles que brincam o carnaval de maneira sadia e aqueles que vão para o carnaval com outras intenções”, disse o bispo.
Com informações da Tribuna do Norte/F. Gomes

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