quarta-feira, 28 de abril de 2010

Megatraficante colombiano é transferido do Rio de Janeiro para presídio de Mossoró


Trezentos e sessenta dias. Este é o tempo que o traficante colombiano Néstor Ramón Caro-Chaparro, de 42 anos, um dos homens mais procurados do mundo, foi autorizado a permanecer no Presídio Federal de Mossoró (PFMOS).
Considerado um dos traficantes mais procurados pelo FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos da America, ele foi preso no último dia 16, no Rio de Janeiro, e foi transferido ontem para o Presídio Federal de Mossoró.
Apesar de ter desembarcado no Aeroporto Dix-sept Rosado em Mossoró às 14h15, a permanecia do traficante só foi confirmada no final da tarde de ontem, após determinação do juiz federal Ivan Lira de Carvalho, corregedor do Presídio Federal de Mossoró, e titular da 5ª Vara Federal do Rio Grande do Norte.
O impasse gerado em torno da permanência do traficante colombiano ocorreu porque o detento foi transferido do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Norte, sem que o juiz corregedor fosse comunicado.
Segundo o diretor do presídio, o delegado da Polícia Federal Kérsio Silva Pinto, a operação de transferência do traficante foi toda executada pela Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Ele explicou que o Supremo Tribunal Federal (STF) havia autorizado a transferência do colombiano do "Presídio de Bangu I", no Rio de Janeiro, para uma unidade prisional administrada pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), até ser extraditado.
Ainda segundo o diretor, a PF enviou um pedido de informação ao Depen consultando sobre a oferta de vagas nos presídios federais e obteve a resposta que das cinco unidades em funcionamento a instituição prisional de Mossoró é a que disponibilizava mais vagas ociosas.
Néstor Ramón foi encaminhado de helicóptero do Presídio de Bangu I para o Aeroporto do Galeão, de onde seguiu em uma aeronave da Polícia Federal, para o presídio de Mossoró, sem que a transferência fosse autorizada pelo juiz federal Ivan Lira. "Quem determina quem entra ou sai do presídio federal de Mossoró é o juiz corregedor Ivan Lira. Somente ele pode autorizar o recebimento do preso", explicou o diretor Kérsio Silva.

FBI ofereceu recompensa de até cinco milhões de dólares

O traficante foi preso quando deixava o Edifício São Carlos do Pinhal, um prédio na orla do bairro de Copacabana, na Avenida Atlântica, na zona sul do Rio de Janeiro. Ele estava acompanhado de sua namorada, grávida de oito meses, que declarou não saber do envolvimento do colombiano com o tráfico de drogas. O traficante era procurado desde setembro de 2001, quando foi indiciado por tráfico e lavagem de dinheiro no Distrito Leste de Nova Iorque, como integrante do cartel colombiano do Vale do Norte. Uma recompensa de US$ 5 milhões havia sido oferecida pelos EUA para quem encontrasse o traficante.
A Polícia Federal brasileira chegou ao traficante graças à interceptação de mensagens feita pela Agência Antidroga dos Estados Unidos (Drug Enforcement Agency - DEA). Uma norte-americana trocou recados pelo BlackBerry com a esposa venezuenala de Chaparro. Assim, as autoridades rastrearam a viagem da mulher do traficante para o Panamá, Venezuela, Chile e Brasil.
Em território tupiniquim, ela fez ligações para o marido quando ele estava em Cúcuta, na Colômbia. Néstor fugiu para Caracas, na Venezuela, e, em 13 de março, retornou ao Brasil com o nome falso de Wilson Humberto López Rodríguez.
O colombiano recentemente esteve envolvido num escândalo depois que foi divulgado um vídeo de seu casamento em que aparecerem coronéis do Exército colombiano, que acabaram sendo retirados da ativa.

Detento chegou a traficar várias toneladas de cocaína

De acordo com o Departamento de Estado Americano, Néstor Ramón Caro-Chaparro foi envolvido em tráfico de drogas desde o final dos anos 1980. Ele foi responsável pelo envio de remessas de várias toneladas de cocaína proveniente da Colômbia através do Brasil para a Nova York e Inglaterra. No final dos anos 1990, era um membro do alto escalão de uma operação de contrabando. Também esteve envolvido em uma operação de branqueamento de drogas de capitais responsáveis pelas quantidades de contrabando de cocaína a granel em contentores marítimos do Brasil para os Estados Unidos, totalizando mais de cinco toneladas. O traficante foi indiciado no Distrito Leste de Nova Iorque, em 26 de setembro de 2001, por tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro. Chaparro tinha laços estreitos com a Unidade Autodefesa da Colômbia (AUC), uma organização paramilitar colombiano que foi identificada como uma organização terrorista estrangeira. A Polícia Federal considerou a prisão do traficante como a mais importante do ano. O colombiano ficará no Presídio Federal de Mossoró à disposição do STF. O pedido de extradição do governo norte-americano tem data de 2005, no site do STF.
Em entrevistas concedidas à imprensa após a prisão do megatraficante, o diretor da Polícia Nacional da Colômbia, general Oscar Naranjo, disse que Chaparro era o penúltimo fugitivo entre os grandes traficantes de drogas mais procurado em seu país, depois da prisão em Quito de Ramón Alberto Quintero Sanclemente. "Só está faltando a prisão de Carlos Alberto Rentería Mantilla, o 'Beto Rentería'", disse o policial Naranjo.

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