sábado, 24 de abril de 2010

Museu do Seridó, recebe exposição de instrumentos medievais

O professor e Dr. Lourival Andrade Júnior, nos escreve informando sobre a exposição de temporária intitulada “Miniaturas de Instrumentos Medievais de Tortura” que ficará aberta ao público até o dia 22 de maio, no Museu do Seridó, localizado na Rua Amaro Cavalcanti, n°. 123, no centro de Caicó.
 
A exposição conta com 33 instrumentos miniaturizados utilizados pela Santa Inquisição durante a Idade Média e início da modernidade. Este trabalho é fruto de projeto de extensão realizado pelo Prof. Dr. Lourival Andrade Júnior e pelo acadêmico Marcelo dos Santos na Facvest/Lages-SC em 2003.
 
Todos os objetos são acompanhados de um texto explicativo, e, além disso, ao adentrar a sala de exposição o público é recebido por uma música bastante utilizada neste período que é o Canto Gregoriano. É uma viagem pela medievalidade e que mostra uma das facetas da cristandade ocidental.
 
O Museu do Seridó está aberto de segunda a sexta-feira das 07h30 às 11h e das 13h30 às 17h.
 
Maiores informações pelos fones:
3421-4872 e 9167-6518.
 
PARA SABER MAIS
 
Inquisição e Tortura
 
Durante a atuação da Santa Inquisição na Idade Média, a tortura era um recurso utilizado para extrair confissões dos acusados de pequenos delitos, até crimes mais graves. Diversos méodos de tortura foram desenvolvidos ao longo dos anos.
 
Os métodos de tortura mais agressivos eram reservados àqueles que provavelmente seriam condenados à morte.
 
Além de aparelhos mais sofisticados e de alto custo, utilizava-se também instrumentos simples como tesouras, alicates, garras metálicas que destroçavam seios e mutilavam órgãos genitais, chicotes, instrumentos de carpintaria adaptados, ou apenas barras de ferro aquecidas. Há ainda, instrumentos usados para simples imobilização da vítima. No caso específico da Santa Inquisição, os acusados eram, geralmente, torturados até que admitissem ligações com Satã e práticas obscenas. Se um acusado denunciasse outras pessoas, poderia ter uma execução menos cruel.
 
Os inquisidores utilizavam-se de diversos recursos para extrair confissões ou "comprovar" que o acusado era feiticeiro. Segundo registros, as vítimas mulheres eram totalmente depiladas pelos torturadores que procuravam um suposto sinal de Satã, que podia ser uma verruga, uma mancha na pele, mamilos excessivamente enrugados (neste caso, os mamilos representariam a prova de que a bruxa "amamentava" os demônios) etc. Mas este sinal poderia ser invisível aos olhos dos torturadores. Neste caso, o "sinal" seria uma parte insensível do corpo, ou uma parte que se ferida, não verteria sangue.
 
Assim, os torturadores espetavam todo o corpo da vítima usando pregos e lâminas, à procura do suposto sinal.
 
No Liber Sententiarum Inquisitionis (Livro das Sentenças da Inquisição) o padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331) descreveu vários métodos para obter confissões dos acusados, inclusive o enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro. Dentre os descritos na obra e utilizados comumente, encontra-se tortura física através de aparelhos, como a Virgem de Ferro (ou Virgem de Nuremberg) e a Roda do Despedaçamento; através de humilhação pública, como as Máscaras do Escárnio, além de torturas psicológicas como obrigar a vítima a ingerir urina e excrementos.
 
De uma forma geral, as execuções eram realizadas em praças públicas e tornava-se um evento onde nobres e plebeus deliciavam-se com a súplica das torturas e, conseqüentemente, a execução das vítimas. Atualmente, há dispostos em diversos museus do mundo, ferramentas e aparelhos utilizados para a tortura.
 
Por Lourival Andrade Júnior, Professor e Doutor

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