Nascemos com capacidades e talentos naturais. Estes são responsáveis pela facilidade ou prazer que encontramos para realizar certos trabalhos, é uma inclinação, predileção por tais afazeres. Temos como exemplo: as habilidades manuais, de raciocínio lógico, o talento musical, a capacidade espacial, interpessoal, entre outras. Eles nos vêm como dons de Deus, infundidos na pessoa, geralmente transmitidos pela genética ou ao se desenvolver uma prática. São os chamados dons naturais.
Existem também os dons do Espírito Santo. A respeito deles São Paulo recomenda “Aspirai aos dons mais elevados” (cf. At 12, 31). São, de fato, mais elevados, pois vêm de uma realidade sobrenatural, que está acima das realidades terrenas. Trata-se dos dons de Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus – e ainda: Línguas, Discernimento, Fé, Cura e Milagres.
Sobre os dons do Espírito, a Bíblia TEB (Tradução Ecumênica Bíblica – edição para estudo) especifica: “Deus é fonte dos dons espirituais que transcendem toda maneira de ser das coisas” (nota roda pé – Jo 4, 24).
Contudo, estes dons espirituais “mais elevados” manifestam-se por meio de nossas características humanas, ou seja, em nossas capacidades naturais. “As perfeições invisíveis de Deus – não somente seu eterno poder, mas também a sua eterna divindade – são percebidas pelo intelecto” (Rm 1, 20). E quando pedimos a intervenção dos dons do Espírito, estes perpassam nossas capacidades humanas de duas formas.
A primeira é percebida mais facilmente. Uma vez que nos colocamos disponíveis à ação sobrenatural do Espírito Santo e pedimos Sua comunicação conosco, Ele age nas faculdades humanas, geralmente na memória e nos sentidos, inspirando-nos com imagens, lembranças, trechos bíblicos, com uma palavra específica de exortação ou revelação, por uma sensação física ou a impressão-intuição acerca de algo até então desconhecido.
Tudo isso para revelar o que ocorre de sobrenatural e terreno, que está oculto aos olhos humanos, mas, que nos ronda e nos cerca.
É assim que aprendemos nos Seminários de Dons e suas oficinas, desenvolvemos o modo de Deus falar em nós, a linguagem d'Ele conosco, para edificação da comunidade e própria.
E a segunda forma, que talvez poucas pessoas tenham percebido, é o modo como os dons espirituais ampliam os horizontes das nossas capacidades humanas. Os dons sobrenaturais depositam algo em nossos dons naturais que os capacitam ainda mais. A Sabedoria do alto potencializará o saber humano, o discernimento dos espíritos aperfeiçoará a sensibilidade de discernir humanamente, o dom da Fé, vindo da escolha de Deus por cada um, alça a pessoa a querer conhecer mais do Senhor, fazendo de sua fé um príncipio de vida, embasado também em conhecimento teológico, e assim por diante.
Apesar de alguns nomes entre estas manifestações do Espírito e o talento humano serem os mesmos, não são iguais, nem uma "forma mais elevada" de nossas capacidades naturais. Exemplificando: a Ciência vinda de Deus é conseguir ver as coisas como o Senhor as vê, conhecimento da total realidade, das forças terrenas e angélicas, enquanto, ciência humana, se resume ao estudo de aspectos do cosmos, sobretudo do ser humano. Um cientista pode ter autoridade em tudo o que estuda e pesquisa, mas a Ciência de Deus lhe virá pela fé, numa revelação daquilo que ele não pode alcançar por esforço próprio.
Antes mesmo de ser visitado pelo Senhor e compor a famosa oração em que pediu o dom da Sabedoria, Salomão já era tido como sábio. A Sagrada Escritura cita seu pai, Davi, o aconselhando a agir com sua inteligência nata (cf. I Rs 2, 6). Somente mais tarde, é que, em sonho, Deus lhe aparece e lhe concede direito a um desejo (cf. I Rs 3, 5-15), e então, ele, que poderia ter pedido qualquer coisa ao Altíssimo, explicitou o desejo pela Sabedoria, dom do Céu (cf. I Rs 3, 5-15). Também o livro da Sabedoria mostra o rei Salomão testemunhando a procura e o amor a esse dom (cf. Sb 8, 2) antes de manifestar seu pedido ao Senhor (cf. Sb 9).
Após estar ungido com o dom divino, já no primeiro caso de julgamento em que presidiu, manifestou uma sabedoria fora do comum (cf. I Rs 3, 16-28), num ofício que era comum a um rei, em situação típica deste mundo, não o foi num momento de oração ou em motivações fora da esfera dos homens. Isso mostra que, atingido pela força de Deus, sua capacidade humana de inteligência foi multiplicada. Ele era capaz de esclarecer a verdade, mesmo quando não lhe traziam todas as provas e argumentos possíveis.
A capacidade pessoal passa a ser uma predisposição para, em conjunto com o Espírito Santo, manifestar ambos: o dom natural e o sobrenatural. Faz parte da identidade do indivíduo, e em algum momento da sua vida, quando aprouver ao Senhor, Ele providenciará uma situação em que a pessoa possa dar abertura a esse Espírito de Deus, e então o dom natural vai ser potencializado, conforme o exemplo acima.
Quanto mais usamos os dons espirituais, tanto mais entramos em sintonia com Deus e com nós mesmos, e, dessa forma, tanto mais nos tornamos homens e mulheres com apurada sensibilidade aos dons naturais que temos.
Será que Jesus usava, em todos os momentos, somente Sua divindade? Quando penetrava os pensamentos dos que Lhe armavam ciladas (cf. Lc 20, 23; Mt 9,3-4), seria impossível vir este discernimento por meio de Sua inteligência e da percepção humana? Se assim fosse, não haveria sentido em Jesus ter assumido em tudo a nossa humanidade, exceto o pecado. (cf. Hb 4, 15b).
Assim como a pessoa humana do Cristo pertence “in proprio” à pessoa divina do Filho de Deus, Sua vontade e inteligência têm como primazia a revelação do ser espiritual da Trindade (cf. Catecismo da Igreja Católica, art. nº 470), nossa humanidade nos é dada para revelar uma identidade espiritual – quem somos no coração de Deus.
Tudo o que somos deve ser alcançado pelo Espírito para conseguirmos transfigurar um dia o que será nossa natureza celeste.
Deixe os dons do alto invadirem sua humanidade, todos os seus talentos, essa é apenas uma forma de descobrirmos como somos e seremos verdadeiramente na eternidade, diante do Senhor.
Deus abençoe!
Existem também os dons do Espírito Santo. A respeito deles São Paulo recomenda “Aspirai aos dons mais elevados” (cf. At 12, 31). São, de fato, mais elevados, pois vêm de uma realidade sobrenatural, que está acima das realidades terrenas. Trata-se dos dons de Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus – e ainda: Línguas, Discernimento, Fé, Cura e Milagres.
Sobre os dons do Espírito, a Bíblia TEB (Tradução Ecumênica Bíblica – edição para estudo) especifica: “Deus é fonte dos dons espirituais que transcendem toda maneira de ser das coisas” (nota roda pé – Jo 4, 24).
Contudo, estes dons espirituais “mais elevados” manifestam-se por meio de nossas características humanas, ou seja, em nossas capacidades naturais. “As perfeições invisíveis de Deus – não somente seu eterno poder, mas também a sua eterna divindade – são percebidas pelo intelecto” (Rm 1, 20). E quando pedimos a intervenção dos dons do Espírito, estes perpassam nossas capacidades humanas de duas formas.
A primeira é percebida mais facilmente. Uma vez que nos colocamos disponíveis à ação sobrenatural do Espírito Santo e pedimos Sua comunicação conosco, Ele age nas faculdades humanas, geralmente na memória e nos sentidos, inspirando-nos com imagens, lembranças, trechos bíblicos, com uma palavra específica de exortação ou revelação, por uma sensação física ou a impressão-intuição acerca de algo até então desconhecido.
Tudo isso para revelar o que ocorre de sobrenatural e terreno, que está oculto aos olhos humanos, mas, que nos ronda e nos cerca.
É assim que aprendemos nos Seminários de Dons e suas oficinas, desenvolvemos o modo de Deus falar em nós, a linguagem d'Ele conosco, para edificação da comunidade e própria.
E a segunda forma, que talvez poucas pessoas tenham percebido, é o modo como os dons espirituais ampliam os horizontes das nossas capacidades humanas. Os dons sobrenaturais depositam algo em nossos dons naturais que os capacitam ainda mais. A Sabedoria do alto potencializará o saber humano, o discernimento dos espíritos aperfeiçoará a sensibilidade de discernir humanamente, o dom da Fé, vindo da escolha de Deus por cada um, alça a pessoa a querer conhecer mais do Senhor, fazendo de sua fé um príncipio de vida, embasado também em conhecimento teológico, e assim por diante.
Apesar de alguns nomes entre estas manifestações do Espírito e o talento humano serem os mesmos, não são iguais, nem uma "forma mais elevada" de nossas capacidades naturais. Exemplificando: a Ciência vinda de Deus é conseguir ver as coisas como o Senhor as vê, conhecimento da total realidade, das forças terrenas e angélicas, enquanto, ciência humana, se resume ao estudo de aspectos do cosmos, sobretudo do ser humano. Um cientista pode ter autoridade em tudo o que estuda e pesquisa, mas a Ciência de Deus lhe virá pela fé, numa revelação daquilo que ele não pode alcançar por esforço próprio.
Antes mesmo de ser visitado pelo Senhor e compor a famosa oração em que pediu o dom da Sabedoria, Salomão já era tido como sábio. A Sagrada Escritura cita seu pai, Davi, o aconselhando a agir com sua inteligência nata (cf. I Rs 2, 6). Somente mais tarde, é que, em sonho, Deus lhe aparece e lhe concede direito a um desejo (cf. I Rs 3, 5-15), e então, ele, que poderia ter pedido qualquer coisa ao Altíssimo, explicitou o desejo pela Sabedoria, dom do Céu (cf. I Rs 3, 5-15). Também o livro da Sabedoria mostra o rei Salomão testemunhando a procura e o amor a esse dom (cf. Sb 8, 2) antes de manifestar seu pedido ao Senhor (cf. Sb 9).
Após estar ungido com o dom divino, já no primeiro caso de julgamento em que presidiu, manifestou uma sabedoria fora do comum (cf. I Rs 3, 16-28), num ofício que era comum a um rei, em situação típica deste mundo, não o foi num momento de oração ou em motivações fora da esfera dos homens. Isso mostra que, atingido pela força de Deus, sua capacidade humana de inteligência foi multiplicada. Ele era capaz de esclarecer a verdade, mesmo quando não lhe traziam todas as provas e argumentos possíveis.
A capacidade pessoal passa a ser uma predisposição para, em conjunto com o Espírito Santo, manifestar ambos: o dom natural e o sobrenatural. Faz parte da identidade do indivíduo, e em algum momento da sua vida, quando aprouver ao Senhor, Ele providenciará uma situação em que a pessoa possa dar abertura a esse Espírito de Deus, e então o dom natural vai ser potencializado, conforme o exemplo acima.
Quanto mais usamos os dons espirituais, tanto mais entramos em sintonia com Deus e com nós mesmos, e, dessa forma, tanto mais nos tornamos homens e mulheres com apurada sensibilidade aos dons naturais que temos.
Será que Jesus usava, em todos os momentos, somente Sua divindade? Quando penetrava os pensamentos dos que Lhe armavam ciladas (cf. Lc 20, 23; Mt 9,3-4), seria impossível vir este discernimento por meio de Sua inteligência e da percepção humana? Se assim fosse, não haveria sentido em Jesus ter assumido em tudo a nossa humanidade, exceto o pecado. (cf. Hb 4, 15b).
Assim como a pessoa humana do Cristo pertence “in proprio” à pessoa divina do Filho de Deus, Sua vontade e inteligência têm como primazia a revelação do ser espiritual da Trindade (cf. Catecismo da Igreja Católica, art. nº 470), nossa humanidade nos é dada para revelar uma identidade espiritual – quem somos no coração de Deus.
Tudo o que somos deve ser alcançado pelo Espírito para conseguirmos transfigurar um dia o que será nossa natureza celeste.
Deixe os dons do alto invadirem sua humanidade, todos os seus talentos, essa é apenas uma forma de descobrirmos como somos e seremos verdadeiramente na eternidade, diante do Senhor.
Deus abençoe!
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