“Esse registro no Livro das Celebrações é equivalente a um tombamento de edificações históricas“, explicou Hélio de Oliveira, restaurador do setor de museu da Fundação José Augusto. “Vale salientar que esse título não é permanente, o Iphan estará avaliando periodicamente a Festa para saber se ela continuará sendo realizada dentro dos critérios avaliados. Por isso, é fundamental manter a tradição dos festejos“, avalia. Segundo Oliveira, o processo para conferir o título de Patrimônio Imaterial é demorado, e requer uma série de estudos que vão desde a verificação de sua realização continuada até carga de tradições que carrega.
Desde 2007 que o Iphan realiza o levantamento das referências culturais da Festa de Sant’Ana. “Esse reconhecimento será muito importante para incrementar o turismo, pois confere visibilidade nacional e chancela a origem tradicional do evento. Acredito ser uma honra para a Festa receber esse título“, aposta Hélio. Um efeito prático imediato, previsto Iphan, é a maior capacidade para elaborar projetos que visem a preservação da festa.
Entre as diretrizes estabelecidas durante o processo de registro, destaca-se a necessidade de implantação de ações que incentivem e garantam a transmissão dos saberes populares como a preparação do chouriço e o ofício do bordado; a adoção de um Programa de Educação Patrimonial em escolas da rede pública para difundir o conhecimento e potencializar a preservação do patrimônio cultural; e, por fim, a criação de um Memorial de Sant’Ana mais a elaboração de um roteiro histórico voltados para a divulgação dos principais monumentos da região. “É uma grande satisfação para a Igreja, e há todo um sentimento simbólico que nos enche de orgulho“, garante o bispo Dom Manoel Delson.
Além da Festa de Sant’Ana de Caicó, apenas outras duas manifestações populares religiosas, são registradas no Iphan como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil: o Círio de Nazaré, em Belém (PA), procissão realizada a partir de 1792; e a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis (GO), celebrada desde 1819 – o evento religioso da capital paraense foi pioneiro, está inscrito desde 2004 no Livro das Celebrações, enquanto a festa do município goiano entrou na lista em abril de 2010.
Entrega do título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, aconteceu após o encerramento da procissão e missa em frente a Catedral de Sant’Ana.
Matéria de Iuno Silva para a Tribuna do Norte
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